alexandre o'neill, aflora-se um osso
Aflora-me um osso,
tíbia mortal à espera de cruzar-se
com outra tíbia e, já cruzada, sobrepujar-se
da risonha (por irrisão) caveira dos macabros folguedos.
Este o sinal da fortuna assumida: não já vertical mas estendida,
ao longo de uma eternidade bem medida,
que, para muitos seres, será a vida.
Este sinal, temido embora,
do que está já morrido ou de um perigo de morte
que à vida precária vem na hora
do balanço entre vontade e sorte.
E assim jaz, com a morte adiada, um velho pobre
que o aviso do fim já não encobre.
Alexandre O'Neill
(de O Princípio da Utopia, o Princípio da Realidade Seguidos de Ana Brites, Balada tão ao Gosto Popular Português & Vários Outros Poemas, Moraes editores, 1986 - Círculo de Poesia)
A découvrir aussi
- alexandre o'neill, um adeus português (traduit)
- alexandre o'neill, há palavras que nos beijam
- Alexandre O'Neill- que vergonha, rapazes
Inscrivez-vous au blog
Soyez prévenu par email des prochaines mises à jour
Rejoignez les 839 autres membres