jorge de sena, não mais
Não mais !
Não mais! Não mais! Que eu esqueça que te tive,
e tu me esqueças debruçado em ti!
Que tudo seja como outrora eu vi:
uma figura ao longe recortada,
e fina e esbelta, ou suave e alongada,
não tão distante que me não entendas,
nem tão perto de mim que tu me vendas,
no mesmo corpo belo, o que não vive
nesse teu rosto ou sob a tua pele:
uma malícia esplêndida, capaz
de se entregar violenta quando a impele,
sem mais que orgulho, a força juvenil.
Assim será que, em mim, teu corpo jaz.
E sem nos lábios o sorriso vil.
Mas como há-de teu corpo em mim ter paz?
Jorge de Sena
1918-1978
in "Eros de Passagem - Poesia Erótica Contemporânea"
Selecção e Prefácio de Eugénio de Andrade
Campo das Letras, Porto, 1997
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