mário cesariny, nunca estive tão só diz o meu corpo
NuncaEstiveTãoSóDizOMeuCorpo
Tantos pintores
A realidade comovida agradece
mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem
Tantos escritores
A realidade comovida agradece
E continua a fazer o seu frio
Sobre bairros inteiros, na cidade, e algures
Tantos mortos no rio
A realidade comovida agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito
Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gosta da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito pode sufocar
Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem verdade
dá voltas à solidão da realidade
Mário Cesariny
A découvrir aussi
- mário cesariny, voz numa pedra
- mário cesariny, rua do ouro
- mário cesariny, discurso sobre a reabilitação do real quotidiano
Retour aux articles de la catégorie poésie — mário cesariny -
⨯
Inscrivez-vous au blog
Soyez prévenu par email des prochaines mises à jour
Rejoignez les 839 autres membres