natália correia, quando em halo de fêmea humida e quente
Quando em halo de fêmea húmida e quente
São íntimas ao fogo as ancas sábias,
Está o corpo maduro no seu tempo
Aromático de rosas esmagadas.
São as Circes : fogueiras reclinadas
Como panteras em nuvens de magnólias;
Coxas versadas em abrir às lavas
Do desejo confins de lassas glórias.
Do amor, lúcida e plena anatomia;
Magníficas mulheres com flor e fruto;
Corpos de vagarosa fantasia
Que a febre afunda em estrelas de veludo.
Num esplendor de poentes envolvidas,
Sentadas têm pálpebras de violetas;
Mas erguem-se abrasadas; e despidas
São um verão a sair de meias pretas.
Capelines que lendas insinuam,
De segredos os olhos lhes sombreiam.
Dos ombros pendem-lhes mantos de volúpia
Sào fábulas que os moços estonteiam.
E aos seus leitos de prata e tílias altas
Ébrios de lua sobem os mancebos.
Elas enterram-se nuas como espadas
Nas suas virilhas e armam-nos cavaleiros.
Ó sazonada carne que circunda
De asas, abismos e suados cumes
O mistério do ovo, dando sombra
Ao pénis que procura o fim do mundo.
Natália Correia
1939-1989
in "O Armistício"
Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1985
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