alexandre o'neill, a morte, esse lugar-comum...
A morte, esse lugar-comum...
É trivial a morte e há muito sabe
fazer – e muito a tempo! – o trivial.
Se não fui eu quem veio no jornal,
foi uma tosse a menos na cidade...
A caminho do verme, uma beldade
– não dirias assim, Gomes Leal? –
vai ser coberta pela mesma cal
que tapa a mais imensa fealdade.
Um crocitar de corvo fica bem
neste anúncio de morte para alguém
que não vê n'alheia sorte a própria sorte...
Mas por que não dizer, com maior nojo,
que o menino saiu do imenso bojo
de sua mãe, para esperar a morte?...
Alexandre O'Neill
(de Abandono Vigiado, 1960)
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