alexandre o'neill, os domingos de lisboa
Os domingos de Lisboa |
Os domingos de Lisboa são domingos Terríveis de passar — e eu que o diga! De manhã vais à missa a S. Domingos E à tarde apanhamos alguns pingos De chuva ou coçamos a barriga. As palavras cruzadas, o cinema ou a apa, E o dia fecha-se com um último arroto. Mais uma hora ou duas e a noite está Passada, e agarrada a mim como uma lapa, Tu levas-me p'ra a cama, onde chego já morto. E então começam as tuas exigências, as piores! Quer's por força que eu siga os teus caprichos! Que diabo! Nem de nós mesmos seremos já senhores? Estaremos como o ouro nas casas de penhores Ou no Jardim Zoológico, irracionais, os bichos? ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Mas serás tu a minha «querida esposa», Aquela que se me ofereceu menina? Oh! Guarda os teus beijos de aranha venenosa! Fecha-me esse olho branco que me goza E deixa-me sonhar como um prédio em ruína!... Alexandre O´Neill Poesias Completas 1951/1981 Biblioteca de Autores Portugueses Imprensa Nacional Casa da Moeda |
A découvrir aussi
- alexandre o'neill, auto-retrato
- alexandre o'neill, que vergonha rapazes !
- alexandre o'neill, seis poemas confiados à memória de nora mitrani
Retour aux articles de la catégorie poesia — alexandre o'neill -
⨯
Inscrivez-vous au blog
Soyez prévenu par email des prochaines mises à jour
Rejoignez les 839 autres membres