albatroz - images, songes & poésies

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bras da costa - bate na areia e... desmaia !

bate na areia e... desmaia !

 

 

Poema dedicado às 300 ou 400 mil mulheres vítimas, em grande parte,da moda das mamas grandes e rijas e, sobretudo da trafulhice de Jean-Claude Mas, fundador de Poly Implant Prothèse (PIP), que comercializou durante vinte anos, com a cumplicidade dos poderes podres nacionais, próteses mamarias low coast em silicone industrial, altamente nefasto pra saúde & pra estética.


"No mundo actual, investe-se cinco vezes mais em medicamentos para a virilidade masculina e silicones para as mulheres do que na cura do Alzheimer. Daqui a alguns anos, teremos velhas de mamas grandes e velhos com pénis duro, mas nenhum se recordara para que servem",

Drauzio Varella, 

 
médico oncologista paulista, autor de
"Borboletas da alma,escritos sobre a ciência e saúde", 
Companhia das Letras
 

 

 

filha,

pombinha mansa do meu coração marado
de tanto sonho maltratado,
minha caixinha de surpresas pimba com abertura magnética,

automática e paradoxal,
por vezes tão perto de mim como um espelho magico,
tantas vezes longínquo como um arroto socialdemocrata;
aparece, aparece filha do meu coração babado,

para uma observação ornitológica mais apurada,
e mais ainda se quiseres :

depois das gaivotas faladoras, dos peixes de águas turvas,

 
dos caranguejos pacatos, dos gatos enroscados, das minhocas rabugentas
e outros crocodilos aos molhinhos,
iremos pela manha de sábado comprar legumes frescos

e orvalhados aos feirantes amadores do mercado municipal
e depois, ai pela hora do meio dia,

comeremos ostras, mexilhoes e outra bicharada marinha
no luminoso embarcadère ;

com sorte,
encontraremos o cadunco imposto-sofrimento (e a mulher-farol)
no cybercafé dos artistas fantasistas,
para recolher na cavaqueira geral as ultimas modas da parvónia;
subiremos depois aos saltos

a rue des juifs, com paragens salutares nas cantinas estampilhadas,
e ja aqui, logo ao começo da rua, poisaremos

um olhar desvelado sobre a capa da Conjuration des imbéciles
do malogrado John Kennedy Toole,
 
 
livro celiniano solar, de sentinela nas montras de livreiros matreiros;
mais além, deitaremos uma espreitadela embebecida pra'montra
do Bazar, quase sempre adormecido...
 
 
para rematar a peregrinação, emborcaremos pianíssimos martinis bianco na cigale voyageusebistrot dos poetas slamistas sinistrados,
 
 
e por ai nos quedaremos horas-a-fio, calados
 

a olhar pela janela os cais vazios 
a imaginar viagens
pasmadas, povoadas de desejos imperfeitos;
tentaremos mais tarde um desembarque repentino em Siouville

para rever castelos de areia encravados na paisagem
tal-qual bunkers bem escovados pra turistas famintos de manhosas alegrias;
tomaremos alento, muito alento
junto ao mar, desfiando as nossas histórias, as nossas paixões desmaiadas,

as nossas dores de cornos...
ciosas de paninhos quentes e mansos pensamentos;

no conforto de um colchão simons cinco estrelas, 

beijar-te-ei os seios alvos e macios, espraiados no meu leito como uma nuvem sedenta de promessas marianas, sem nevoeiros,

despidos de temores e premeios,
na claridade da madrugada imperfeita,

acariciar-los-ei no conchego das minhas mãos forradas de pelo macio de tanta poesia concreta conceber, muitas vezes p'ra nada, 

sem perceber, sem saber remar a preceito no labirinto das paixões sem tino, sem fio, ao deus dará;

confesso filha,
sempre gostei das tuas ricas mamas aladas,
uma asa materna pra'li, uma asa meretriz pra'colà 

e fico louco de alegria boreal ao sabê-los (sem pip) tão arrebitados,tão atrevidos, tão isto, tão aquilo !

enfim,se me permites o meu desatino, 

soltarei entre dois tímidos peidos irreprimíveis e malcriados,
o meu grito de guerra favorito :
"ai meus peitos tão pequeninos mas tão bem feitos !"

desabafo salutar tamanho ao rugir desabrido do leão
da Metro-Goldwyn-Mayer ;

 


e só depois, bem depois,
na acalmia das águas despejadas,
cândidamente enlaçados como no primeiro dia da criação bíblica,
esposando as curvas e contra-curvas da árvore do paraíso,
afogar-nos-emos no grande mar da ternura, aconchego certo das almas constrangidas, solitárias, abandonadas,
que reclamam sem descanço,
paz, reconforto, ternura e aguardente pelo dia fora,
pela vida inteira.

...e sempre filha (nunca se sabe) de freixo de espada à cinta, 
pro que der e vier !

 

"Sus, sus, brisons le capital, enfonçons la muraille!"

 

 

 Bras da Costa

 Donville, septembre 2011

 

 

 

 

mia martini, alemeno tu nell'universo, 1989

 



17/02/2020
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